A consciência
Primeiro passo para o crescimento pessoal

Na psicoterapia, um dos aspetos essenciais no processo de tratamento é, indubitavelmente, facilitar ao paciente a tomada de consciência dos seus verdadeiros problemas, sendo estes a origem do seu desconforto.
Frequentemente, numa primeira consulta de psicologia, o/a paciente é bastante claro sobre quais os seus focos "externos" causadores de desconforto, de tristeza. Como exemplos: "em casa ninguém me entende", "o meu chefe subestima-me", "sou sempre eu a resolver os problemas dos outros" ...
Contudo, ao longo das sessões de psicoterapia surgiram novas descobertas internas, favorecendo um controlo mais autêntico e pleno da sua vida. Mas, não se considera um processo fácil, pois é necessário tempo e disponibilidade emocional para que se consiga fazer um insight (o momento em que tomamos consciência ou nos damos conta de algo que estava adormecido).
Segundo Piaget a tomada de consciência é um processo delicado e complexo, pelo qual as pessoas passam de um conhecimento instrumental da realidade a uma conceitualização mais interna, abstrata e significativa das coisas. Vygostki complementa afirmando que, ao tomarmos consciência de algo como um erro ou dificuldade cognitiva passamos a ter maior oportunidade de encontrar uma resolução para a dificuldade encontrada.
Não se trata somente de tornar consciente o inconsciente, mas de lhe atribuir uma nova construção. De que nos serve tomarmos apenas consciência das nossas limitações ou incapacidades, se não lhe atribuirmos um propósito de mudança para proporcione mais felicidade e bem-estar.
Este processo de tomada de consciência pode parecer descomplicado, no entanto, requer fundamentalmente sinceridade e humildade com nós mesmos.
Primeiro passo deste "despertar", vamos analisar a zona mais íntima e profunda do mundo emocional. Questione-se a si mesmo sobre o que está a sentir neste mesmo instante, explore as sensações, sentimentos e ouça o que o seu corpo diz, às dores de cabeça, mal-estar no estomago - Vamos traduzir tudo isto em palavras, em sintomas (medo, angústia, insegurança, revolta, ansiedade...)
O segundo passo conduz à observação do exterior. Vamos olhar para o presente e prestar mais atenção ao óbvio, ao que muitas vezes recusamos ver: tenho amigos que se preocupam comigo, não estou envolvida emocionalmente na minha relação, estou a investir tempo e esforço em coisas que não valem a pena...
Terceiro, o mais complexo de todos os passos. Já sabe o que sente e o que acontece em seu redor, posto isto, é crucial analisar os seus mecanismos defensivos, os seus preconceitos e os seus comportamentos que condicionam a mudança, pois muitas vezes, prefere-se ficar quieto com medo do desconhecido, da mudança.
Coragem, enfrente-se a si mesmo, caso contrário de nada servirá a tomada de consciência das suas limitações e fraquezas se não se atreve a transformá-las em pontos fortes.