Surto de Covid-19: O fim do estado de emergência

(Artigo de Opinião)

Depois de um período de elevados níveis de ansiedade, incerteza, medo, exaustão, entre outros sentimentos, começam a ser aliviadas as medidas de restrição utilizadas para fazer face à pandemia. É natural, por isso, que comecemos a ter uma maior sensação de liberdade acompanhada de uma grande vontade de recuperar o tempo que passámos em casa, ou de regressar às rotinas e hábitos que outrora faziam parte do nosso dia. Com facilidade, podemos até começar a esquecer e a desvalorizar o que nos levou ao confinamento, descurando os cuidados que temos tido até então.

Recomeçar, mas com cautela

Lembremo-nos que não estávamos presos, estávamos a proteger a nossa saúde e a saúde de todos. Neste sentido, o momento que se segue deverá ser de cautela. O perigo de contágio não desapareceu. É provável que dentro de nós surja, num tom baixinho, uma voz que nos diga "já não faz tanto mal", "tanto tempo em casa, agora tenho que aproveitar", ou ainda "talvez já não seja preciso lavar as mãos desta vez". Contudo, agora, mais do que nunca, importa que sejamos responsáveis e que estejamos conscientes.

Aproveitar, dentro dos limites

Muito se tem falado do valor que aprendemos a dar a tudo aquilo que esteve sempre disponível e ao qual não tivemos acesso durante este período. Pois bem, o concelho da Marinha Grande tem o privilégio de estar rodeado de uma beleza natural imensa. Entre o mar e o pinhal, muitos são os espaços abertos que permitem aproveitar o ar livre e a natureza. Aproveitemos então, dentro dos limites estabelecidos, estes espaços. É possível aproveitar o ar livre e cumprir as regras e medidas de segurança, evitando os aglomerados e os ajuntamentos.

Contato social reduzido mantém-se

Talvez seja esta a parte que mais nos afeta emocionalmente. Estar longe dos que nos são queridos tem sido um desafio, mas também uma proeza. E estamos a conseguir! Muito se alterou nas relações humanas, e muitas destas alterações vieram para ficar. Para os seres sociais que somos, que evoluímos e sobrevivemos através da construção do sentido de sociedade, estarmos longe para o bem de todos é uma ideia difícil de aceitar. Por isso, ainda que com a distância necessária, evite o isolamento emocional e, mesmo que longe, procure estar perto dos mais frágeis. 

Pamol, M., 2020. Surto de Covid-19: O fim do estado de emergência. Jornal da Marinha Grande, p.13.